segunda-feira, 9 de março de 2015

Opala Comodoro SL/E 1990 amarelo java

Caros,

Essa história começa lá atrás, no início dos anos 90 ...  Já se vão 25 anos ...

No final de 1987 meu pai comprou, pela empresa que trabalhava na época, uma Caravan Comodoro SL/E 1988, da novíssima linha acabava de ser apresentada. O carro foi faturado em 19/novembro/1987 ... Me lembro como se fosse hoje. Foi um dos primeiros Opalas da linha 1988 que eu vi e foi paixão à primeira vista ...

No ano seguinte, 1988, tirei minha carta de motorista e em Dezembro de 1988 eu ganhei de um pool do meu avô e meu tio-padrinho um Uno S 88 verde, pelado de tudo. O único opcional era a pintura metálica.

Em meados de 1990 eu sofri um acidente com esse Uno, perda total. Com a indenização, era época de pesados ágios na compra de carro 0km, portanto a tabela FIPE de usados estava inflacionadíssima, consegui comprar um Uno S 90 0km, idêntico ao outro, exceto pela cor (vermelho monte carlo) e pelo combustível (gasolina ao invés de álcool).

Porém, ao final de 1990, a Caravan 1988 completaria 3 anos de compra e, pelas regras da empresa que meu pai trabalhava, ele poderia comprar um novo carro.

A linha Opala 1991 demorou muito para sair. Ao contrário do normal, que é a linha nova sair a partir de Setembro do ano anterior, a linha Opala 1991 só saiu nos últimos dias de Dezembro ... Seguramos ao máximo a compra do novo carro para poder pegar um novíssimo Opala 1991, mas não teve como ... No início de Dezembro meu pai teve que executar a compra, sob risco de perder o benefício, e comprou uma Caravan Comodoro SL/E 1990 cinza, provavelmente um dos últimos carros da linha "velha"....

Ainda pelas regras da empresa que meu pai trabalhava, ele poderia ficar com o carro velho mediante ao pagamento de um valor residual do leasing, que, naquela época de inflação era sempre vantajoso ... Resultado, compramos a Caravan 1988 ... Aí eu vendi o Uno 90, com apenas 8.000 km, dei o $ para o meu pai e fiquei com a Caravan, que tecnicamente foi o meu primeiro Opala !

Caravan Comodoro SL/E 87/88 

Nessa época já era minha ....

Algumas invenções: pneus de perfil baixo na frente ...

... lanternas fumê ...

Emblema 2500-S, invenção minha usando 2 emblemas 250-S novos ... rssss

Aqui uma das únicas fotos das 2 Caravans: a 88 minha e a 90 do meu pai

Minha irmã em frente a Caravan 90 cinza em foto de Janeiro de 1991, a Caravan tinha 1 mês de uso.


Frente da nossa casa em Janeiro de 1991: 3 comodoros ... As 2 caravans e o comodoro 89 da minha mãe


Curti muito essa Caravan ... Coloquei 2 pneus de perfil baixo na frente, comprei lanternas fumê GM 0km, um adesivo da extinta concessionária GM Trans Am que ficava no Itaim Bibi ...Até que ...

Até que numa manhã de Março de 1991, eu estudava na USP, saí para olhar carros ... Coisa que eu fazia com frequencia ... às vezes ia em desmanches com meu amigo Julio Berardinelli, à vezes ia ver algum carro anunciado, às vezes procurar Dodge abandonado ... Naquele dia resolvi passar em frente à algumas concessionárias GM para ver a Linha Opala 1991, que ainda era raríssima de se ver na rua ....

Me lembro como se fosse hoje. Desci a avenida Pompéia e no final à esquerda virei na Carlos Vicari, em direção à Pompéia veículos, importante concessionária GM na época, onde havíamos comprado o Comodoro 89 da minha mãe há cerca de um ano e meio antes.

A Pompéia Veículos, Chevrolet Jardim e mais uma terceira que me foge agora, eram do Sr Pires, antigo dono da biscoito Tostines, por muitos anos cliente do meu pai. Quando compramos o Comodoro 89 era época de ágios altíssimos, e ele conseguiu um carro no preço de tabela para o meu pai ...

Virei à esquerda na rua da Pompéia veículos e alguns metros à frente tenho uma visão surpreendente na vitrine ! Ao invés de um Opala da nova linha 1991, havia um Comodoro 1990, linha velha portanto, 0km, amarelo ! Um amarelo clarinho, lavadinho ... O carro era lindo ! Mas que cor era aquela ??? Como eu nunca havia visto aquela cor antes ???

Certamente era um encalhe de algum pedido de frota (táxi, polícia rodoviária, empresa) que foi cancelado e o carro sobrou ... Lembro que perto da minha atual casa, na saída da Cidade Universitária, havia um senhor que tinha um gêmeo dele ...

Bom, fiquei adoecido com a possibilidade de ter um Opala 0km ... Tinha 20 anos de idade e tirar um Opala zero era um sonho ... Mesmo que um encalhe amarelo na linha velha ....

Na época não tinah renda ... Estava abandonando a escola de engenharia e iria prestar vestibular para a FGV no final daquele ano. Não tinha renda e tampouco moral para pedir nada ... Mas o preço do Opala era tão convidativo que dava para vender a Caravan 88 com 3 anos de uso e 100.000 km e pegar o Opala com muito pouco $$ em cima. Financeiramente era ótimo. A Caravan já tinha dado problemas, tínhamos gasto um bom dinheiro fazendo o câmbio que havia moído e iria dar muita manutenção ...

Vendemos a Caravan para um colega de trabalho do meu pai, se não me engano por CR$ 3.200.000 e compramos o Opala por R$ 3.600.000 ... Não sei os valores eram esses, mas a proporção era essa: 32 para 36. A diuferença era o valor de uma revisão ... E eu finalemente tive o meu primeiro e único Opala zero kilomêtro.

Comodoro SL/E 1990 em Setembro de 1991

Com cerca de 6 meses de uso ...



O Comodoro amarelo foi polêmico ... Metade das pessoas achava lindo, a outra metade achava horroroso. Eu adorava. Foi meu carro de uso diário por 5 anos, numa fase muito intensa da minha vida. Rodei mais de 100.000 km e as histórias que vivi com esse carro dariam um livro ... 

Em 1992 fiz um upgrade nele, algo que condeno nos Opalistas hoje, mas que na época fazia sentido para mim: comprei 4 rodas de Diplomata 91, lanternas fumês GM originais, grade preta do SL 91, piscas brancos ... Guardei as peças originais todas ...

Após quase 5 intensos anos de convivência, em Julho de 1995 fui sorteado num consórcio que tinha e comprei o carro mais top que eu havia tido até aquele momento: um Omega GLS 4.1 95 branco mahler 0km ... Se o Comodoro amarelo havia sido o meu primeiro Opala zero, agora eu tinha o meu primeiro 4100 zero kilometro .... E o Opala perdeu o posto ...

Renegado a uma vaga coberta mas não fechada no escritório do meu pai, o Opala passou a viver uma semi aposentadoria ... Conviveu alguns meses com o Omega mas no final de 1995 acabei vendendo ele para um tio (o mesmo do Uno no início da história) que o passou a um motorista da fábrica.

Do dia que entreguei o Comodoro amarelo para o meu tio, nunca mais o vi ... 

De lá para cá se passaram quase 20 anos ....

No início de 1997 minha vida financeira passou por uma fase complicada, que durou cerca de 3 anos ... O omega foi embora com 35.000 km e apenas 1 ano e meio de uso ... Fechei minha empresa, fui trabalhar, fiz pós graduação, minha carreira decolou novamente, retomei a coleção dos Dodges, casei, tive meu filho ... Alguns cabelos brancos apareceram ...

E há algum tempo atrás, fuçando em documentos antigos de carros na casa da minha mãe, achei um documento velho do Opala .. Por curiosidade peguei o Renavan e levantei a ficha do carro. Duas surpresas ! A primeira é que o carro existia !!!! Sinceramente achava que esse carro já havia virado matéria prima da CSN há muito tempo ! Segundo .. o carro estava no interior da Bahia !

Ensaiei vários meses para ir atrás dele ... não sabia se queria mexer com isso ou se era melhor deixar esse carro no passado mesmo ... Nunca mais havia pensado nele ... Por outro lado foi o único Opala que eu comprei novo, zero kilômetro. Me acompanhou por tanto tempo ...

Passei a missão para meu amigo Carlos Angi, que localizou um despachante na cidade de Sobradinho-BA e que no mesmo dia localizou o carro !!!!!!!!! As fotos chegaram por WhatsApp:

Apesar da cor errada e das alegorias o carro parecia alinhado ...

Vixe .... Tira o pé do chãããão ... kkkk

Travas no capô ... 

Frisos laterais removidos, interior passado para marrom



O cara estava disposto a vender. Pediu um pouco acima do razoável, Mandei uma proposta dentro do razoável, autorizando para isso que ele tirasse o som e as rodas ... Feito !!!

O Olavo, despachante de Sobradinho, com uma eficiência adminirável, já levou o carro para casa e acertou um frete de retorno para a manhã seguinte.

A noite já na casa do Olavo ...

No dia seguinte se preparando para deixar as terras baianas ...

No dia seguinte, subindo na carreta com destino a São Paulo


O carro chegou na oficina de Osasco e dois dias depois consegui ir lá finalmente me reencontrar com ele ... Uma sensação estranha ... Um pouco de dó de ter deixado o carro ir, alegria de ter trazido ele de volta e preocupação com a quantidade de carros que a coleção atualmente tem ....

Sentei no banco do motorista, segurei o volante ... Fechei os olhos por uns instante e um filme se passou ... Um filme rápido, mas que começou há 24 anos atrás, naquele dia que virei à esquerda na Carlos Vicari ....

O amarelo original ....

Até o filtro de ar ficou amarelo ...

Mas o carro me surpreendeu pela integridade estrutural e de lataria


Nem desmontado foi para a pintura cor de gema ...





De Osasco o carro já foi para a oficina ...


Amarelo java 1977, cor usada por muitas frotas inclusive nos taxis do RJ

Nem removido o carro foi ....


O carro será desmontado nos próximos dias, será totalmente removido e pintado do zero. Já consegui o tecido original dos bancos e um jogo de rodas datado de 1990 ....

É um projeto interessante, de restauração de um carro relativamente moderno, que não tem nenhum valor de coleção, apenas um valor sentimental para mim ....

Manterei os senhores atualizados sobre o andamendo deste projeto !

Abraços,

Badolato